Por Denilson Grecchi, consultor Wisnet

Num mundo de transformações ágeis, trabalhar com equipes é um desafio instigante. Seja na formação de novas equipes ou na recalibragem daquelas já sedimentadas, o ponto de partida frequentemente se dá por meio de diagnósticos - os quais são embasados em entrevistas ou questionários. Este diagnóstico é crucial, pois nos fornece insights valiosos sobre a atual conjuntura da equipe e seus eminentes desafios.

Quando adentramos essa investigação, é imprescindível lançar um olhar holístico para as múltiplas variantes que esboçam o retrato de um time: do caráter do líder às nuances do negócio, da interação com outras áreas à relação com clientes, e, de maneira mais significativa, à cultura organizacional na qual a equipe está imersa.

A cultura organizacional, frequentemente relegada a um segundo plano, tem recentemente reverberado em minha mente. Sim, é comum atribuirmos ao líder o papel de principal catalisador da dinâmica da equipe. No entanto, a cultura organizacional apresenta-se como um prisma revelador para dissecarmos a alma de um time.

De acordo com Edgar Schein, em "Cultura Organizacional", existem duas esferas elementares para compreender a evolução de um grupo. Primeiro, a capacidade de sobreviver e se adaptar ao ambiente externo; segundo, a integração de seus processos internos. Em outras palavras, para que um time floresça, ele precisa primeiro se renovar internamente para, depois, adaptar-se ao mundo exterior.

Ao delinear a sobrevivência e adaptação ao ambiente externo, identificamos quatro pilares:

Missão e Estratégia: A compreensão unificada de sua missão central e as tarefas para executá-la.

Metas: Alcançar um acordo sobre os mecanismos para atingir os objetivos delineados.

Mensuração: Consensuar critérios para avaliar o desempenho coletivo em função das metas.

Correção: Estabelecer ações concertadas caso os objetivos traçados não sejam atendidos.

Quando se refere à integração de processos internos, abordamos:

• Estabelecer uma linguagem comum.
• Delimitar claramente quem está "dentro" e quem está "fora".
• Definir hierarquias de poder.
• Determinar normas de relacionamentos interpessoais.
• Estipular recompensas e punições.
• Interpretar o que parece inexplicável.

Você pode se perguntar: onde a cultura entra nessa equação?

Essa busca incessante por definições, redefinições, consensos e entendimentos comuns, em última análise, é a gênese da cultura de um grupo. A cultura é o subproduto de um contínuo processo de aprendizado e adaptação.

Esse ciclo de aprendizado e competição não se aplica apenas a pequenos grupos, mas ressoa em organizações maiores. Assim, ao sondar uma equipe, devemos avaliar sua capacidade de adaptação interna e externa, facilitando que seu ciclo natural de aprendizado seja harmônico e produtivo.

Então, caro leitor, como você percebe a cultura se formando dentro de um grupo? Por que não desafiar o status quo e lançar um olhar mais penetrante sobre o que realmente move sua equipe?

Denilson Grecchi

é psicólogo com 14 anos de experiência em consultoria organizacional, especializado em liderança e times. Participou de projetos significativos no Brasil e no exterior, atuando também em saúde mental no contexto das organizações. Possui mestrado em Psicologia da Saúde.