O futuro do trabalho vai ser poliamor
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O futuro do trabalho vai ser poliamor
O futuro do trabalho vai ser poliamor
O futuro do trabalho vai ser poliamor
Hoje a sociedade espera que a gente ame a empresa em que está, caso contrário, o sucesso profissional ficaria impossível. E por mais que a gente tenha diversidade de culturas, a verdade é que vivemos com um mindset de que super produtividade e muita dedicação a uma carreira são a chave do êxito e de um futuro estável e confortável. A ideia é: se você quer ter sucesso profissional precisa se casar com o seu trabalho, oferecer muito de você, caso contrário estará fadado ao insucesso.
Esse é o tal Hustle Culture (ou “cultura da agitação”), uma expressão utilizada por vários autores da modernidade para se referir à essa mentalidade em que é preciso trabalhar ininterruptamente pela maior quantidade de tempo que conseguir para alcançar grandes ganhos. Isso inclui, por exemplo, dedicar a maior parte dos dias ao trabalho, sempre se preocupando em entregar mais em menos tempo.
E esse mindset está muito engendrado nas culturas corporativas (bem ligado à ideia de meritocracia): quanto mais um profissional trabalha, mais celebrado ele é, mais ele merece os louros do sucesso, independentemente dos desdobramentos que isso terá em sua saúde emocional e mental. E nesse contexto há uma normalização (e a valorização) de situações como perder noites de sono, refeições, momentos de lazer e pausas para descansar. É o famoso: “trabalhe enquanto eles dormem”, “estude enquanto eles se divertem” ou “lute enquanto eles descansam”. E com os avanços tecnológicos esse “estilo de vida” tornou-se ainda mais comum, já que, com mais disponibilidade de tempo e facilidades, é possível realizar as atividades de trabalho em qualquer lugar.
Só que isso tem uma implicação para as empresas e para os profissionais, pois, se por um lado as pessoas devem se esforçar para conseguir os resultados significativos, por outro, esse tipo de pensamento faz com que se sintam incapazes, caso não consigam. Afinal, o fracasso acontece única e exclusivamente quando as pessoas não trabalham o suficiente para isso – o que, logicamente, é um grande equívoco.
Esse fenômeno foi descrito no livro (hit entre a geração Z) Sociedade do Cansaço do filósofo Byung-Chul Han, onde o autor chama a atenção para o fato de que esse tipo de comportamento, com ritmo frenético e cobrança desmedida, foi completamente naturalizado. E mais, criou uma atmosfera em que as pessoas entram em ciclos viciosos que, em pouco tempo, as leva à exaustão física e mental. Justamente o que se tem observado durante a pandemia e depois com seus desdobramentos na saúde laboral.
Por um lado, a sociedade cobra demonstrações constantes de felicidade e atitudes positivas (o chamado “good vibes”), mesmo quando isso não reflete o sentimento do indivíduo, o que tem resultado num apagamento da humanidade. Um fenômeno no qual não importa o que a pessoa sente, ela deve continuar mantendo as aparências, no caso da vida pessoal, ou produzindo, no caso da vida profissional.
Mas começa a se desenhar uma resposta para isso: o Side Hustle, que nada mais é do que a cultura de freelancer. As pessoas, ao invés de se casarem com uma empresa e se dedicarem totalmente a ela, começam a ampliar seu espectro de ação. A tendência é o poliamor.
O Big Ideas 2023, publicado pelo Linkedin, mostrou que nesse ano o side hustle vai reinar porque uma geração de jovens que entrou no mercado de trabalho - em meio à turbulência econômica da pandemia - aprendeu a lidar com o cotidiano de trabalho mais diverso. E as pesquisas têm mostrado que a Geração Z tem maior probabilidade de trabalhar em vários empregos ao mesmo tempo, em comparação com as gerações anteriores. Cerca de 25% têm algum tipo de atividade paralela e isso acontece porque são muito motivados pelo dinheiro, têm uma rejeição de se definirem por uma única profissão e porque não querem depender apenas dos seus empregadores para conquistar a estabilidade financeira.
O Instagram também declarou no seu relatório que 2023 é o ano do side hustle já que dois terços da geração Z planeja usar as mídias sociais para ganhar dinheiro esse ano. Esse é o movimento gerado porque a criação de conteúdo não é mais exclusividade dos criadores em tempo integral e porque cerca de 64% dos usuários desse grupo planejam monetizar um projeto nas plataformas sociais até o final do ano.
Ao mesmo tempo, a Forerunner complementa essa conversa com alguns insights extras. Segundo eles, entre os side hustlers há predominância feminina, provavelmente porque esse tipo de trabalho atende muito a necessidade de mulheres que precisam de flexibilidade para cuidar de suas famílias. E mostram também que esse caminho está relacionado a uma preocupação acima da média das pessoas com a saúde mental. Some-se ainda a busca por conexões mais profundas com parceiros e amigos, o que demanda tempo, que hoje é muito consumido pelo trabalho.
A gente acha que é muito importante ficar ligado nesse movimento, especialmente as empresas, porque conforme essa geração for entrando no mercado de trabalho, os empregadores vão precisar se adaptar a essa nova realidade. Provavelmente um dos caminhos possíveis vai ser incorporar a flexibilidade, não apenas no tempo de dedicação, mas também na forma de entender as habilidades dos profissionais e como elas conversam entre si, criando novas competências. Olhando agora parece muito provável que logo mais comece a fazer sentido promover iniciativas paralelas dos profissionais para conseguir retê-los. Ou seja: se fidelidade for um valor inquestionável, talvez você tenha problemas em breve.
Takeaways
Sabedoria da Rede
Para acompanhar esse momento de grande transformação é importante se despir de preconceitos para conseguir enxergar além e se manter vivo no mercado.
Hoje a sociedade espera que a gente ame a empresa em que está, caso contrário, o sucesso profissional ficaria impossível. E por mais que a gente tenha diversidade de culturas, a verdade é que vivemos com um mindset de que super produtividade e muita dedicação a uma carreira são a chave do êxito e de um futuro estável e confortável. A ideia é: se você quer ter sucesso profissional precisa se casar com o seu trabalho, oferecer muito de você, caso contrário estará fadado ao insucesso.
Esse é o tal Hustle Culture (ou “cultura da agitação”), uma expressão utilizada por vários autores da modernidade para se referir à essa mentalidade em que é preciso trabalhar ininterruptamente pela maior quantidade de tempo que conseguir para alcançar grandes ganhos. Isso inclui, por exemplo, dedicar a maior parte dos dias ao trabalho, sempre se preocupando em entregar mais em menos tempo.
E esse mindset está muito engendrado nas culturas corporativas (bem ligado à ideia de meritocracia): quanto mais um profissional trabalha, mais celebrado ele é, mais ele merece os louros do sucesso, independentemente dos desdobramentos que isso terá em sua saúde emocional e mental. E nesse contexto há uma normalização (e a valorização) de situações como perder noites de sono, refeições, momentos de lazer e pausas para descansar. É o famoso: “trabalhe enquanto eles dormem”, “estude enquanto eles se divertem” ou “lute enquanto eles descansam”. E com os avanços tecnológicos esse “estilo de vida” tornou-se ainda mais comum, já que, com mais disponibilidade de tempo e facilidades, é possível realizar as atividades de trabalho em qualquer lugar.
Só que isso tem uma implicação para as empresas e para os profissionais, pois, se por um lado as pessoas devem se esforçar para conseguir os resultados significativos, por outro, esse tipo de pensamento faz com que se sintam incapazes, caso não consigam. Afinal, o fracasso acontece única e exclusivamente quando as pessoas não trabalham o suficiente para isso – o que, logicamente, é um grande equívoco.
Esse fenômeno foi descrito no livro (hit entre a geração Z) Sociedade do Cansaço do filósofo Byung-Chul Han, onde o autor chama a atenção para o fato de que esse tipo de comportamento, com ritmo frenético e cobrança desmedida, foi completamente naturalizado. E mais, criou uma atmosfera em que as pessoas entram em ciclos viciosos que, em pouco tempo, as leva à exaustão física e mental. Justamente o que se tem observado durante a pandemia e depois com seus desdobramentos na saúde laboral.
Por um lado, a sociedade cobra demonstrações constantes de felicidade e atitudes positivas (o chamado “good vibes”), mesmo quando isso não reflete o sentimento do indivíduo, o que tem resultado num apagamento da humanidade. Um fenômeno no qual não importa o que a pessoa sente, ela deve continuar mantendo as aparências, no caso da vida pessoal, ou produzindo, no caso da vida profissional.
Mas começa a se desenhar uma resposta para isso: o Side Hustle, que nada mais é do que a cultura de freelancer. As pessoas, ao invés de se casarem com uma empresa e se dedicarem totalmente a ela, começam a ampliar seu espectro de ação. A tendência é o poliamor.
O Big Ideas 2023, publicado pelo Linkedin, mostrou que nesse ano o side hustle vai reinar porque uma geração de jovens que entrou no mercado de trabalho - em meio à turbulência econômica da pandemia - aprendeu a lidar com o cotidiano de trabalho mais diverso. E as pesquisas têm mostrado que a Geração Z tem maior probabilidade de trabalhar em vários empregos ao mesmo tempo, em comparação com as gerações anteriores. Cerca de 25% têm algum tipo de atividade paralela e isso acontece porque são muito motivados pelo dinheiro, têm uma rejeição de se definirem por uma única profissão e porque não querem depender apenas dos seus empregadores para conquistar a estabilidade financeira.
O Instagram também declarou no seu relatório que 2023 é o ano do side hustle já que dois terços da geração Z planeja usar as mídias sociais para ganhar dinheiro esse ano. Esse é o movimento gerado porque a criação de conteúdo não é mais exclusividade dos criadores em tempo integral e porque cerca de 64% dos usuários desse grupo planejam monetizar um projeto nas plataformas sociais até o final do ano.
Ao mesmo tempo, a Forerunner complementa essa conversa com alguns insights extras. Segundo eles, entre os side hustlers há predominância feminina, provavelmente porque esse tipo de trabalho atende muito a necessidade de mulheres que precisam de flexibilidade para cuidar de suas famílias. E mostram também que esse caminho está relacionado a uma preocupação acima da média das pessoas com a saúde mental. Some-se ainda a busca por conexões mais profundas com parceiros e amigos, o que demanda tempo, que hoje é muito consumido pelo trabalho.
A gente acha que é muito importante ficar ligado nesse movimento, especialmente as empresas, porque conforme essa geração for entrando no mercado de trabalho, os empregadores vão precisar se adaptar a essa nova realidade. Provavelmente um dos caminhos possíveis vai ser incorporar a flexibilidade, não apenas no tempo de dedicação, mas também na forma de entender as habilidades dos profissionais e como elas conversam entre si, criando novas competências. Olhando agora parece muito provável que logo mais comece a fazer sentido promover iniciativas paralelas dos profissionais para conseguir retê-los. Ou seja: se fidelidade for um valor inquestionável, talvez você tenha problemas em breve.
Takeaways
Sabedoria da Rede
Para acompanhar esse momento de grande transformação é importante se despir de preconceitos para conseguir enxergar além e se manter vivo no mercado.
Hoje a sociedade espera que a gente ame a empresa em que está, caso contrário, o sucesso profissional ficaria impossível. E por mais que a gente tenha diversidade de culturas, a verdade é que vivemos com um mindset de que super produtividade e muita dedicação a uma carreira são a chave do êxito e de um futuro estável e confortável. A ideia é: se você quer ter sucesso profissional precisa se casar com o seu trabalho, oferecer muito de você, caso contrário estará fadado ao insucesso.
Esse é o tal Hustle Culture (ou “cultura da agitação”), uma expressão utilizada por vários autores da modernidade para se referir à essa mentalidade em que é preciso trabalhar ininterruptamente pela maior quantidade de tempo que conseguir para alcançar grandes ganhos. Isso inclui, por exemplo, dedicar a maior parte dos dias ao trabalho, sempre se preocupando em entregar mais em menos tempo.
E esse mindset está muito engendrado nas culturas corporativas (bem ligado à ideia de meritocracia): quanto mais um profissional trabalha, mais celebrado ele é, mais ele merece os louros do sucesso, independentemente dos desdobramentos que isso terá em sua saúde emocional e mental. E nesse contexto há uma normalização (e a valorização) de situações como perder noites de sono, refeições, momentos de lazer e pausas para descansar. É o famoso: “trabalhe enquanto eles dormem”, “estude enquanto eles se divertem” ou “lute enquanto eles descansam”. E com os avanços tecnológicos esse “estilo de vida” tornou-se ainda mais comum, já que, com mais disponibilidade de tempo e facilidades, é possível realizar as atividades de trabalho em qualquer lugar.
Só que isso tem uma implicação para as empresas e para os profissionais, pois, se por um lado as pessoas devem se esforçar para conseguir os resultados significativos, por outro, esse tipo de pensamento faz com que se sintam incapazes, caso não consigam. Afinal, o fracasso acontece única e exclusivamente quando as pessoas não trabalham o suficiente para isso – o que, logicamente, é um grande equívoco.
Esse fenômeno foi descrito no livro (hit entre a geração Z) Sociedade do Cansaço do filósofo Byung-Chul Han, onde o autor chama a atenção para o fato de que esse tipo de comportamento, com ritmo frenético e cobrança desmedida, foi completamente naturalizado. E mais, criou uma atmosfera em que as pessoas entram em ciclos viciosos que, em pouco tempo, as leva à exaustão física e mental. Justamente o que se tem observado durante a pandemia e depois com seus desdobramentos na saúde laboral.
Por um lado, a sociedade cobra demonstrações constantes de felicidade e atitudes positivas (o chamado “good vibes”), mesmo quando isso não reflete o sentimento do indivíduo, o que tem resultado num apagamento da humanidade. Um fenômeno no qual não importa o que a pessoa sente, ela deve continuar mantendo as aparências, no caso da vida pessoal, ou produzindo, no caso da vida profissional.
Mas começa a se desenhar uma resposta para isso: o Side Hustle, que nada mais é do que a cultura de freelancer. As pessoas, ao invés de se casarem com uma empresa e se dedicarem totalmente a ela, começam a ampliar seu espectro de ação. A tendência é o poliamor.
O Big Ideas 2023, publicado pelo Linkedin, mostrou que nesse ano o side hustle vai reinar porque uma geração de jovens que entrou no mercado de trabalho - em meio à turbulência econômica da pandemia - aprendeu a lidar com o cotidiano de trabalho mais diverso. E as pesquisas têm mostrado que a Geração Z tem maior probabilidade de trabalhar em vários empregos ao mesmo tempo, em comparação com as gerações anteriores. Cerca de 25% têm algum tipo de atividade paralela e isso acontece porque são muito motivados pelo dinheiro, têm uma rejeição de se definirem por uma única profissão e porque não querem depender apenas dos seus empregadores para conquistar a estabilidade financeira.
O Instagram também declarou no seu relatório que 2023 é o ano do side hustle já que dois terços da geração Z planeja usar as mídias sociais para ganhar dinheiro esse ano. Esse é o movimento gerado porque a criação de conteúdo não é mais exclusividade dos criadores em tempo integral e porque cerca de 64% dos usuários desse grupo planejam monetizar um projeto nas plataformas sociais até o final do ano.
Ao mesmo tempo, a Forerunner complementa essa conversa com alguns insights extras. Segundo eles, entre os side hustlers há predominância feminina, provavelmente porque esse tipo de trabalho atende muito a necessidade de mulheres que precisam de flexibilidade para cuidar de suas famílias. E mostram também que esse caminho está relacionado a uma preocupação acima da média das pessoas com a saúde mental. Some-se ainda a busca por conexões mais profundas com parceiros e amigos, o que demanda tempo, que hoje é muito consumido pelo trabalho.
A gente acha que é muito importante ficar ligado nesse movimento, especialmente as empresas, porque conforme essa geração for entrando no mercado de trabalho, os empregadores vão precisar se adaptar a essa nova realidade. Provavelmente um dos caminhos possíveis vai ser incorporar a flexibilidade, não apenas no tempo de dedicação, mas também na forma de entender as habilidades dos profissionais e como elas conversam entre si, criando novas competências. Olhando agora parece muito provável que logo mais comece a fazer sentido promover iniciativas paralelas dos profissionais para conseguir retê-los. Ou seja: se fidelidade for um valor inquestionável, talvez você tenha problemas em breve.
Takeaways
Sabedoria da Rede
Para acompanhar esse momento de grande transformação é importante se despir de preconceitos para conseguir enxergar além e se manter vivo no mercado.
Hoje a sociedade espera que a gente ame a empresa em que está, caso contrário, o sucesso profissional ficaria impossível. E por mais que a gente tenha diversidade de culturas, a verdade é que vivemos com um mindset de que super produtividade e muita dedicação a uma carreira são a chave do êxito e de um futuro estável e confortável. A ideia é: se você quer ter sucesso profissional precisa se casar com o seu trabalho, oferecer muito de você, caso contrário estará fadado ao insucesso.
Esse é o tal Hustle Culture (ou “cultura da agitação”), uma expressão utilizada por vários autores da modernidade para se referir à essa mentalidade em que é preciso trabalhar ininterruptamente pela maior quantidade de tempo que conseguir para alcançar grandes ganhos. Isso inclui, por exemplo, dedicar a maior parte dos dias ao trabalho, sempre se preocupando em entregar mais em menos tempo.
E esse mindset está muito engendrado nas culturas corporativas (bem ligado à ideia de meritocracia): quanto mais um profissional trabalha, mais celebrado ele é, mais ele merece os louros do sucesso, independentemente dos desdobramentos que isso terá em sua saúde emocional e mental. E nesse contexto há uma normalização (e a valorização) de situações como perder noites de sono, refeições, momentos de lazer e pausas para descansar. É o famoso: “trabalhe enquanto eles dormem”, “estude enquanto eles se divertem” ou “lute enquanto eles descansam”. E com os avanços tecnológicos esse “estilo de vida” tornou-se ainda mais comum, já que, com mais disponibilidade de tempo e facilidades, é possível realizar as atividades de trabalho em qualquer lugar.
Só que isso tem uma implicação para as empresas e para os profissionais, pois, se por um lado as pessoas devem se esforçar para conseguir os resultados significativos, por outro, esse tipo de pensamento faz com que se sintam incapazes, caso não consigam. Afinal, o fracasso acontece única e exclusivamente quando as pessoas não trabalham o suficiente para isso – o que, logicamente, é um grande equívoco.
Esse fenômeno foi descrito no livro (hit entre a geração Z) Sociedade do Cansaço do filósofo Byung-Chul Han, onde o autor chama a atenção para o fato de que esse tipo de comportamento, com ritmo frenético e cobrança desmedida, foi completamente naturalizado. E mais, criou uma atmosfera em que as pessoas entram em ciclos viciosos que, em pouco tempo, as leva à exaustão física e mental. Justamente o que se tem observado durante a pandemia e depois com seus desdobramentos na saúde laboral.
Por um lado, a sociedade cobra demonstrações constantes de felicidade e atitudes positivas (o chamado “good vibes”), mesmo quando isso não reflete o sentimento do indivíduo, o que tem resultado num apagamento da humanidade. Um fenômeno no qual não importa o que a pessoa sente, ela deve continuar mantendo as aparências, no caso da vida pessoal, ou produzindo, no caso da vida profissional.
Mas começa a se desenhar uma resposta para isso: o Side Hustle, que nada mais é do que a cultura de freelancer. As pessoas, ao invés de se casarem com uma empresa e se dedicarem totalmente a ela, começam a ampliar seu espectro de ação. A tendência é o poliamor.
O Big Ideas 2023, publicado pelo Linkedin, mostrou que nesse ano o side hustle vai reinar porque uma geração de jovens que entrou no mercado de trabalho - em meio à turbulência econômica da pandemia - aprendeu a lidar com o cotidiano de trabalho mais diverso. E as pesquisas têm mostrado que a Geração Z tem maior probabilidade de trabalhar em vários empregos ao mesmo tempo, em comparação com as gerações anteriores. Cerca de 25% têm algum tipo de atividade paralela e isso acontece porque são muito motivados pelo dinheiro, têm uma rejeição de se definirem por uma única profissão e porque não querem depender apenas dos seus empregadores para conquistar a estabilidade financeira.
O Instagram também declarou no seu relatório que 2023 é o ano do side hustle já que dois terços da geração Z planeja usar as mídias sociais para ganhar dinheiro esse ano. Esse é o movimento gerado porque a criação de conteúdo não é mais exclusividade dos criadores em tempo integral e porque cerca de 64% dos usuários desse grupo planejam monetizar um projeto nas plataformas sociais até o final do ano.
Ao mesmo tempo, a Forerunner complementa essa conversa com alguns insights extras. Segundo eles, entre os side hustlers há predominância feminina, provavelmente porque esse tipo de trabalho atende muito a necessidade de mulheres que precisam de flexibilidade para cuidar de suas famílias. E mostram também que esse caminho está relacionado a uma preocupação acima da média das pessoas com a saúde mental. Some-se ainda a busca por conexões mais profundas com parceiros e amigos, o que demanda tempo, que hoje é muito consumido pelo trabalho.
A gente acha que é muito importante ficar ligado nesse movimento, especialmente as empresas, porque conforme essa geração for entrando no mercado de trabalho, os empregadores vão precisar se adaptar a essa nova realidade. Provavelmente um dos caminhos possíveis vai ser incorporar a flexibilidade, não apenas no tempo de dedicação, mas também na forma de entender as habilidades dos profissionais e como elas conversam entre si, criando novas competências. Olhando agora parece muito provável que logo mais comece a fazer sentido promover iniciativas paralelas dos profissionais para conseguir retê-los. Ou seja: se fidelidade for um valor inquestionável, talvez você tenha problemas em breve.
Takeaways
Sabedoria da Rede
Para acompanhar esse momento de grande transformação é importante se despir de preconceitos para conseguir enxergar além e se manter vivo no mercado.
Hoje a sociedade espera que a gente ame a empresa em que está, caso contrário, o sucesso profissional ficaria impossível. E por mais que a gente tenha diversidade de culturas, a verdade é que vivemos com um mindset de que super produtividade e muita dedicação a uma carreira são a chave do êxito e de um futuro estável e confortável. A ideia é: se você quer ter sucesso profissional precisa se casar com o seu trabalho, oferecer muito de você, caso contrário estará fadado ao insucesso.
Esse é o tal Hustle Culture (ou “cultura da agitação”), uma expressão utilizada por vários autores da modernidade para se referir à essa mentalidade em que é preciso trabalhar ininterruptamente pela maior quantidade de tempo que conseguir para alcançar grandes ganhos. Isso inclui, por exemplo, dedicar a maior parte dos dias ao trabalho, sempre se preocupando em entregar mais em menos tempo.
E esse mindset está muito engendrado nas culturas corporativas (bem ligado à ideia de meritocracia): quanto mais um profissional trabalha, mais celebrado ele é, mais ele merece os louros do sucesso, independentemente dos desdobramentos que isso terá em sua saúde emocional e mental. E nesse contexto há uma normalização (e a valorização) de situações como perder noites de sono, refeições, momentos de lazer e pausas para descansar. É o famoso: “trabalhe enquanto eles dormem”, “estude enquanto eles se divertem” ou “lute enquanto eles descansam”. E com os avanços tecnológicos esse “estilo de vida” tornou-se ainda mais comum, já que, com mais disponibilidade de tempo e facilidades, é possível realizar as atividades de trabalho em qualquer lugar.
Só que isso tem uma implicação para as empresas e para os profissionais, pois, se por um lado as pessoas devem se esforçar para conseguir os resultados significativos, por outro, esse tipo de pensamento faz com que se sintam incapazes, caso não consigam. Afinal, o fracasso acontece única e exclusivamente quando as pessoas não trabalham o suficiente para isso – o que, logicamente, é um grande equívoco.
Esse fenômeno foi descrito no livro (hit entre a geração Z) Sociedade do Cansaço do filósofo Byung-Chul Han, onde o autor chama a atenção para o fato de que esse tipo de comportamento, com ritmo frenético e cobrança desmedida, foi completamente naturalizado. E mais, criou uma atmosfera em que as pessoas entram em ciclos viciosos que, em pouco tempo, as leva à exaustão física e mental. Justamente o que se tem observado durante a pandemia e depois com seus desdobramentos na saúde laboral.
Por um lado, a sociedade cobra demonstrações constantes de felicidade e atitudes positivas (o chamado “good vibes”), mesmo quando isso não reflete o sentimento do indivíduo, o que tem resultado num apagamento da humanidade. Um fenômeno no qual não importa o que a pessoa sente, ela deve continuar mantendo as aparências, no caso da vida pessoal, ou produzindo, no caso da vida profissional.
Mas começa a se desenhar uma resposta para isso: o Side Hustle, que nada mais é do que a cultura de freelancer. As pessoas, ao invés de se casarem com uma empresa e se dedicarem totalmente a ela, começam a ampliar seu espectro de ação. A tendência é o poliamor.
O Big Ideas 2023, publicado pelo Linkedin, mostrou que nesse ano o side hustle vai reinar porque uma geração de jovens que entrou no mercado de trabalho - em meio à turbulência econômica da pandemia - aprendeu a lidar com o cotidiano de trabalho mais diverso. E as pesquisas têm mostrado que a Geração Z tem maior probabilidade de trabalhar em vários empregos ao mesmo tempo, em comparação com as gerações anteriores. Cerca de 25% têm algum tipo de atividade paralela e isso acontece porque são muito motivados pelo dinheiro, têm uma rejeição de se definirem por uma única profissão e porque não querem depender apenas dos seus empregadores para conquistar a estabilidade financeira.
O Instagram também declarou no seu relatório que 2023 é o ano do side hustle já que dois terços da geração Z planeja usar as mídias sociais para ganhar dinheiro esse ano. Esse é o movimento gerado porque a criação de conteúdo não é mais exclusividade dos criadores em tempo integral e porque cerca de 64% dos usuários desse grupo planejam monetizar um projeto nas plataformas sociais até o final do ano.
Ao mesmo tempo, a Forerunner complementa essa conversa com alguns insights extras. Segundo eles, entre os side hustlers há predominância feminina, provavelmente porque esse tipo de trabalho atende muito a necessidade de mulheres que precisam de flexibilidade para cuidar de suas famílias. E mostram também que esse caminho está relacionado a uma preocupação acima da média das pessoas com a saúde mental. Some-se ainda a busca por conexões mais profundas com parceiros e amigos, o que demanda tempo, que hoje é muito consumido pelo trabalho.
A gente acha que é muito importante ficar ligado nesse movimento, especialmente as empresas, porque conforme essa geração for entrando no mercado de trabalho, os empregadores vão precisar se adaptar a essa nova realidade. Provavelmente um dos caminhos possíveis vai ser incorporar a flexibilidade, não apenas no tempo de dedicação, mas também na forma de entender as habilidades dos profissionais e como elas conversam entre si, criando novas competências. Olhando agora parece muito provável que logo mais comece a fazer sentido promover iniciativas paralelas dos profissionais para conseguir retê-los. Ou seja: se fidelidade for um valor inquestionável, talvez você tenha problemas em breve.
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